24 de abr. de 2008

No jardim do meu pai os pássaros vem cantar de manhã. Meu pai quis que tivéssemos um jardim pra que acordássemos de manhã junto com as árvores. O jardim nos acolhe.
Meu pai sempre cuidou pra que nos sentíssemos acolhidos, às vezes parecia se importar mais com o bem-estar dos outros do que com o próprio.
Quero acolher meu pai agora.

20 de abr. de 2008

Inventava gente pra lhe fazer companhia. Levava uma vida platônica, olhava as coisas à distância. Um constante estado de espera.
Até que um dia, no meio do vazio inventado por ela, sentiu uma dor que só pode ser cantada em espanhol. A dor do desejo distante. Todo seu corpo queria chegar bem perto e sentir.
Inesperadamente caiu e no meio da sua queda se viu no meio de uma floresta condenada a morte, onde o sol se esquecia de iluminar. Tudo que tocava se esfacelava. A dor de ver próximo o fim.
Quis inventar tudo de novo mas os olhos de dentro deixaram de ver quando os olhos de fora ficaram vidrados na morte. Nem lá nem cá - sem refúgio.
EN LOS OJOS
EN EL PECHO
DOLOR

13 de abr. de 2008

Bem... parece que se anuncia uma mudança - Fico me perguntando em que nível se dão as mudanças -por dentro e por fora, às vezes mais um às vezes mais outro
O quanto a realidade que tomo como certa é produto da minha leitura e o quanto da minha leitura é nítida ou turva
Ponto de vista muda ou posição das coisas concretamente muda?
E quando esses questionamentos se transferem pro corpo...
sou uma cagona pra acrobacias, mas quando dei minhas voltinhas pelo ar e pelo chão (gracias gracias Ana Thomaz) o cérebro que bóia aqui dentro fez tóóóin.... e meu corpo todo se perguntou: oncotô? proncovÔ?
essa carta me traz essa mudança de chave, essa mudança perceptiva em toda sua plenitude
mais do que uma conclusão meramente intelectual, uma revelação vivenciada
sei que tradicionalmente a leitura do tarot atribui uma série de significados outros a essa carta
mas pra mim, a mensagem trazida por ela é muito particular
que venha
que venha

10 de abr. de 2008

hummm?

palavras ditas por mim estão virando realidade... hummmmm...
o tempo de demora do ônibus, a hora da chuva, um desfecho, um começo...
tem essa palavra agora, dita e redita, que quero muito
é a palavra que guarda o som do seu nome
quero ouvi-la saindo da minha boca
doce
muitas e muitas vezes

5 de abr. de 2008

triste

Nasci sozinha e vou embora sozinha. tá, tá bom, já entendi...
mas será que não dá pra dar uma distraidazinha?
por que precisa ser tão duro?
por que preciso caminhar no deserto? a paisagem não muda, a sede não passa, a espera por algo se prolonga, a necessidade de continuar se impõe, a ilusão de um alento não cessa, a loucura me ronda. e logo quando eu pensava ver água... nada além de ilusão...
como dói a busca.
hoje me sinto cansada.

tema

Estou aprendendo a improvisar e isso está mexendo comigo.
Pelo que percebo, pra improvisar preciso estar aberta - com olhos, ouvidos, nariz, pele, intuição, coração abertos. E esse é o aprendizado.
Imrpovisação gira em torno de um tema. E o mais curisoso que percebi nessa semana é quando a improvisação não rola.
Eu angustiada, não me achando dentro de mim. "por quê? por quê o tema não ressoa em mim? será que fiquei impermeável de repente?"
Então eu descobri... óóóóóóóó.....
O problema não era falta de capacidade de desenvolver o tema e improvisar...
O problema é que tinha outro tema em mim!!!! outro tema prevalecendo, sem eu me dar conta na hora da improvisação.
Quando acabou o exercício, parei, olhei pra o que (não) fiz e disse pra mim mesma: óóóóóóóóó.... tinha outro tema em mim sem que eu me desse conta! Pequenos ridículos dramas pessoais ditando um discursinho (que de tão batido, automaticamente parecia já parte do cenário)...
E que exercício mudar o tema POR DENTRO... Voluntariamente, decididamente, por uma escolha.
Escolher colocar-me ao lado...
Na improvisação seguinte, pedi licença pra mim mesma e, decidida, fui perseguir o novo tema com unhas e dentes. VONTADE que se fez ação.
Impressionante.
Presente que ganhei essa semana. Tinha que escrever pra não esquecer
Ao entrar, licença pra deixar-me ao lado
e ouvir.............. OUVIR............... com a barriga, com o sexo, com o coração, com os olhos, os ouvidos, a pele.......... OUVIR O MOMENTO PRESENTE VIVIDO COM O OUTRO
Marcelo, Carol e Marina
eu agradeço a vocês