4 de fev. de 2007

ela pegou o telefone hesitante e ensaiou uma estratégia de convencimento pra ter coragem de falar. discou o número e ninguém atendia. desligou e pensou em desistir. daí a conversa consigo mesma:
- ah, pelo amor de deus, se arrisca vai! você não tem coragem de se arriscar por medo da morte de algo que nasça e de que você goste muito. mas se você não arriscar, não deixa nem chance pra nascer. daí não tem nada pra morrer. quanto mais você se distancia da morte pensando que acumula vida menos você vive! larga mão e liga. você está precisando de coisas à beira da morte na sua vida.
concílio entre as partes, ela ligou. (saltar de um degrau pra ela parece saltar de um muro de três metros, entendam a garota)
e ela percebeu que só conseguia ser verdadeira quando no meio de uma farsa - da necessidade de uma farsa pra ser verdadeira:
- oi! aqui é uma amiga de uma amiga sua... sabe o que é? essa amiga sua ela pediu pra que eu te ligasse pra contar uma coisa que ela percebeu e pra perguntar uma outra coisa. bom, ela queria contar que percebeu que às vezes quer fritar o ovo sem antes ter quebrado a casca, e que ela se ressente dessa tolice e gostaria de tentar fazer diferente. e o que ela queria perguntar é se você ainda tem paciência de falar com ela?
ele riu. e ela adora a voz dele.
e depois ela saiu andando e conseguiu ver o entradecer de novo.

Um comentário:

Anônimo disse...

É só eu dar uma folga que essa moça para de trabalhar...
ai, ai, ai!
Beijo!