30 de nov. de 2006

CIFRADO...
Vocês me fazem sonhar. Obrigada por hoje. Falar e ouvir, dentro do nosso círculo, me faz sonhar com uma possibilidade de surgir algo novo que não sei o nome, um tipo de relação onde indivíduo e coletividade não precisem ser pólos opostos e alternantes.
Meus desconfortos não precisam ser ignorados. Seus desconfortos são por mim acolhidos. Tento compreender um pouco mais. Preciso, precisamos crescer.
Sua luz brilha. Minha luz é chamada a brilhar. Temos que andar.
Minha cidade ideal seria a partir desse círculo de hoje.
Agora a música invade meu raciocínio. Espero que haja contaminação melódica. Pseudo intelecto com bateria prestes a pifar... que pife, pelo amor de deus. e que haja contágio.

25 de nov. de 2006

Uma banana de manhã e um pão francês puro lá pela uma da tarde. Nada mais até a noite. Circunstâncias tantas entre desorganização e coisas por fazer... Não me reconhecia! Minha vigilância, minha tolerância e minha concentração ficaram bem alteradas...
Até que ponto eu sou o que sou graças ao conforto que tenho? E até que ponto eu sei proporcionar esse conforto a mim mesma - quanto eu delego aos outros...? O quanto eu pude construir a partir dessa base? O quanto eu omiti através do mesmo conforto - incômodos postergados, apego a garantia de pequenos prazeres mascarando a percepção da realidade? Já havia pensado nisso, mas nesse dia posso dizer que foi uma espécie de "reflexão corporal".
Plenitude gástrica e capacidade de raciocínio e lógica...
"Repletude" gástrica e obnubilação cognitiva, intelectual...
Foco de atenção - pras próprias vísceras, pra além de si...
Quando eu era criança:
de manhã antes de ir a escola, uma xícara de café com leite e um pãozinho com margarina; no recreio, suco de uva e bolo ana maria; de noite sopa de letrinhas com mais pãozinho. A xícara era azul com uma rachadura, o leite sempre tinha nata, a garrafa de suco vedava mal e sempre vazava um pouco de suco na lancheira, durante o almoço eu via desenho animado, a noite jantava com meu pai, e o bolo de aniversário sempre era de brigadeiro. Momentos de referência, segurança de estar inserida numa rotina, segurança da repetição. Conforto.
Hoje:
eu ando pelas ruas, parando vez ou outra para pequenas ineficazes distrações. Porvir.

17 de nov. de 2006

Tão futil... tola. quero ouvir assim pelo telefone: "beijo, te amo". quero calor. quero quero quero...
daí, estou andando acompanhada SOZINHA, porque esse não é alguém que diz "beijo, te amo" pelo telefone.
mas eu tô enganchada - me perco de qualquer música ao me agarrar ridiculamente à partitura.
daí, dias e dias sem ouvir nem ver direito, a não ser minhas idéias que se disfarçam de realidade.
Ao despedir-me, decepcionada (como tantas vezes ultimamente), me encaminho para o trajeto ordinário e olho o fim do dia, contemplativa. Contemplo, então, combinações de luzes de cores que inesperadamente me convidam pra sair do trajeto. Caminho sozinha entrando por ruas que nunca vi, intuindo que sigo na direção certa. Daí que a fachada das casas, o movimento das pessoas fechando as portas do comércio, a menina passeando com a cachorro, o cara bebendo ceveja, a barbearia cheia de velhinhos me chamam de novo "ei! conjugue no presente" . Caminho, sozinha ACOMPANHADA de mim mesma, parece que retorno pra mim mesma - ando, ando, ando.
ESTAR PRESENTE - presença auspiciosa, com cada célula de mim pulsando, ao falar, andar, rir, chorar.
Nossa, parece que tem dias que desaprendo de fazer companhia pra mim mesma, dissociada de mim.
adoraria destrinchar esse estado, já que me distancia de coisas que amo nessa vida.
pra poder falar, andar, rir, chorar de verdade. COM VOCÊ, COMIGO TAMBÉM.