25 de nov. de 2006

Uma banana de manhã e um pão francês puro lá pela uma da tarde. Nada mais até a noite. Circunstâncias tantas entre desorganização e coisas por fazer... Não me reconhecia! Minha vigilância, minha tolerância e minha concentração ficaram bem alteradas...
Até que ponto eu sou o que sou graças ao conforto que tenho? E até que ponto eu sei proporcionar esse conforto a mim mesma - quanto eu delego aos outros...? O quanto eu pude construir a partir dessa base? O quanto eu omiti através do mesmo conforto - incômodos postergados, apego a garantia de pequenos prazeres mascarando a percepção da realidade? Já havia pensado nisso, mas nesse dia posso dizer que foi uma espécie de "reflexão corporal".
Plenitude gástrica e capacidade de raciocínio e lógica...
"Repletude" gástrica e obnubilação cognitiva, intelectual...
Foco de atenção - pras próprias vísceras, pra além de si...
Quando eu era criança:
de manhã antes de ir a escola, uma xícara de café com leite e um pãozinho com margarina; no recreio, suco de uva e bolo ana maria; de noite sopa de letrinhas com mais pãozinho. A xícara era azul com uma rachadura, o leite sempre tinha nata, a garrafa de suco vedava mal e sempre vazava um pouco de suco na lancheira, durante o almoço eu via desenho animado, a noite jantava com meu pai, e o bolo de aniversário sempre era de brigadeiro. Momentos de referência, segurança de estar inserida numa rotina, segurança da repetição. Conforto.
Hoje:
eu ando pelas ruas, parando vez ou outra para pequenas ineficazes distrações. Porvir.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adoro quando vc escreve.
beijo.