28 de set. de 2007

Tenho pensado nesse negócio de ser atriz. Acho assim que tenho tanta coisa pra aprender. Já fiquei matutando qual seria a melhor maneira pra isso - trabalhar do lado de atores experientes, ler pacas, pedir conselhos, fazer cursos, ... e tenho chegado a pensar que talvez tudo o que eu deva fazer é tentar ser uma pessoa melhor. na verdade, acho que é isso.tenho que viver mais, me entregar mais, experimentar mais, oferecer mais pra vida, me abrir mais nos meus relacionamentos... enfim, ser uma pessoa melhor. acho que só assim eu poderia criar uma coisa intensa mesmo, fazer arte mesmo. indo pra além do que eu sou. mas chegar nesse lugar não dá pra chegar só nos 100 minutos de peça - chegar só se chega se for por inteiro....hoje agradeço muito ao apoio dos que encontrei pelo caminho. muito mesmo. mas começo a me colocar cada vez mais como agente principal na história.e começa a crescer a vontade de ser agente pra outras pessoas também - deflagrando pequenas explosões criativas junto a outras pessoas também - vontade de aprender a dar aula. vontade de abrir as pernas pro mundo. de mergulhar mais. de ser mais....tenho um sonho. um sonho muito específico que já cultivo há anos. ai... quero muito rodar cada cantinho do Brasil. quero rodar desde cidadezinhas pequenas no centro-oeste até povoados na zona da mata e no litoralzão. ir lá pro sul também, bah e lá pro amazonas também. me enfronhar nesse VIDÃO que é o Brasil. Num grupo, mambembando juntos.

18 de set. de 2007


Uma vez eu vi uma reportagem sobre uma cerejeira no Japão que está florindo há mais de mil anos. Não é força de expressão, é mais de mil anos MESMO. Passou idade média, passou renascimento, grandes descobertas, início da industrialização, guerras... hoje a cerejeira tá lá. É um templo natural.
Outro dia passei em frente de uma igreja vazia e entrei um pouco. Silêncio esparramado. Ouvido preenchido de silêncio. Eu não sou católica mas igrejas são os templos mais fáceis de encontrar perto do ponto de ônibus. Com aquele silêncio denso preenchendo meus ouvidos, senti que resvalei num estado especial. ESTAR ali esparramada como aquele silêncio.
A cerejeira tinha um tronco grosso, grande, que ia dando origem a muitos galhos que iam se afinando conforme se distanciavam do tronco. Galhos que ficavam todos floridos na primavera. A cerejeira passava por todos os ciclos - a mudança do outono, a contenção do inverno, o nascer da primavera, o reluzir do verão - há todos aqueles anos. Majestosa, observando, sentindo, e dizendo.
Queria escutar o que a cerejeira diz em seu silêncio esparramado em galhos e flores.


16 de set. de 2007

olhos

Olhos que sempre encontro e que sei que me encontram.
Mas... Que falta de coragem... caipirice ou o quê?
Sabe quando tem uma pessoa que não lhe foi apresentada de fato mas que você sempre acaba encontrando nos mesmos eventos?
posso enumerar as ocasiões. mas quando estou beirando falar... engulo a fala!
engulo-ME!
chato isso. e quem me chateia sou eu mesma. vai entender...
minha intuição me diz que ele me nota.
humpf...intuição? a quem estou enganando?
não se trata de intuição, apenas bom senso: você não notaria alguém que fica te olhando insistentemente, inicia caminhar na sua direção, posiciona os lábios pra falar e, num milésimo de segundo, vira o rosto e muda a rota?
ai, como se chama isso?
ele deve ter notado uma pessoa estranha que frequenta os mesmos lugares que ele. só. como eu noto, todos os dias, o vendedor que canta vendendo bala de coco na porta do metrô. ou seja, parte da paisagem, sem nenhum interesse em particular.
mas o caso é que ele me interessa, em particular.
mas se me comporto como paisagem, é isso que dá...
AI!

14 de set. de 2007

espinhas e rugas
lucidez e dispersão
ceticismo e ingenuidade
E eu, no meio do caminho, embasbacada pelo fluxo dos pedaços de mim que violentamente se cruzam na contra-mão
neve no verão, folhas caindo na primavera, flores nascendo no outono
fora de estação
música com ruído, silêncio com ruído, música sem silêncio
estranha combinação

9 de set. de 2007

Memória.
Os fragmentos que escolhi. Se pudesse escolhia de novo - como se meus olhos fossem outros e captassem outra parte que não registrei. Outro ponto de vista me faria chegar a outra conclusão. Me daria conta que muito do que aprendi está baseado no que imaginei que foi mas que, de fato, não foi.
Mas o que foi mesmo?
Desconfio do que tinha como certo.

6 de set. de 2007

queria tudo pra ontem... me movo hoje a partir do impulso de ontem...
Descompassada...
Vontade e ação em descompasso
deeeeeeeeeeeelay......
a espera me faz subir pelas paredes - mordo lábios
me canso de mim mesma e não sei mais onde procurar em mim. não me percebo além da página 3...
tenho impressão de ter muitas outras páginas além. me arrisco a acessá-las?

1 de set. de 2007

O sono quase me envolvia e minha alma desgrudou um tantinho do meu corpo. Alma não sei direito o que é, mas assumo aqui como sendo a parte de dentro de mim. Pois que ela queria se desgrudar e se lançava repetidas vezes, contra o topo da minha cabeça, pedindo permissão pra sair. Mas observando o dentro e o fora de mim estava "eu". Este "eu" que não sei direito como nomear mas que acaba sempre dando a palavra final.
"Eu" disse pra tudo ficar no mesmo lugar. Disse pro dentro e o fora ficarem no mesmo lugar, que ainda não é hora de separar. "Eu" disse pro dentro se acalmar e pro fora se mexer. Falta de sincronia, "eu" disse. "Eu" disse que está tudo bem. "Eu" disse pra ouvir o que está além do fora, do dentro e pra além do "eu". Aí já não sei o que é pra ouvir, mas se "eu"disse, tá dito.
É a palavra final: escutar.