18 de set. de 2007


Uma vez eu vi uma reportagem sobre uma cerejeira no Japão que está florindo há mais de mil anos. Não é força de expressão, é mais de mil anos MESMO. Passou idade média, passou renascimento, grandes descobertas, início da industrialização, guerras... hoje a cerejeira tá lá. É um templo natural.
Outro dia passei em frente de uma igreja vazia e entrei um pouco. Silêncio esparramado. Ouvido preenchido de silêncio. Eu não sou católica mas igrejas são os templos mais fáceis de encontrar perto do ponto de ônibus. Com aquele silêncio denso preenchendo meus ouvidos, senti que resvalei num estado especial. ESTAR ali esparramada como aquele silêncio.
A cerejeira tinha um tronco grosso, grande, que ia dando origem a muitos galhos que iam se afinando conforme se distanciavam do tronco. Galhos que ficavam todos floridos na primavera. A cerejeira passava por todos os ciclos - a mudança do outono, a contenção do inverno, o nascer da primavera, o reluzir do verão - há todos aqueles anos. Majestosa, observando, sentindo, e dizendo.
Queria escutar o que a cerejeira diz em seu silêncio esparramado em galhos e flores.


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