31 de mar. de 2007

dor tão grande de ser quem eu sou.
dor por não conseguir alcançar, por me segurar.
eu vislumbro. antes não vislumbrasse. meu olhar abarca o que não consigo presentificar. olhar descompassado do presente - o presente só acaba de se desenhar quando já virou passado e o futuro não se desenha com clareza, com lacunas de presente. Continuidade quebrada.
minha vontade não tem casado com meu passo. meu passo é lento, a vontade não.
meu sentir não tem casado com meu gesto. meu sentir alcança, meu gesto fica contido.
no momento em que o mundo estiver prestes a acabar, eu queria estar do seu lado, pra sentir que pelo menos o que valia aqui nesse mundo eu vivi. pra eu poder olhar pra minha existência e saber que eu estive com você. se é que eu tinha algo de importante pra fazer aqui nesse lugar, uma das coisas era me conhecer você.
agora, dói saber que não sou escolhida; que se você precisa da mão de alguém, essa mão não é a minha.
mas
sua presença não pára de transbordar em mim. você está aqui dentro daqui já. tão sobrepujante, que nem um mar você, impossível de ver a totalidade de você de tão vasto, vontade de me perder aí em você.
procurei te negar em mim. me perco em ruídos.
o som nítido que eu consigo ouvir vem através de você. cansei de te negar, aceito as lágrimas. cansei de ruídos, eles não passam pelo meu coração. a nitidez de um som distante dói, mas pelo menos passa pelo coração.

Um comentário:

Anônimo disse...

lindo, lindo texto. bom te ler.
Beijo.