28 de dez. de 2006

despedida

A vida tá me ensinando como me despedir. Antes despedidas eram só dor, muita revolta. Agora eu sinto essa melancolia tão mansa e deixo o peito doer até um certo ponto - pois percebo que se eu deixar a dor ocupar todo o espaço, não tem espaço pra crescer o NOVO.
O novo é imprevisível e mais duro é quando me despeço de algo que estava tão bom, que era tão importante, de que eu na verdade não queria me despedir. Mas a vida tem movimentos próprios e é besteira ficar lutando contra.
Percebo como eu me despeço aos poucos. Vejo como essa percepção da interrupção da história se dá de pouquinho em pouquinho - naquela hora, no meio do dia, onde aquele pequeno gesto cotidiano se encaixava tão bem. Um abraço aqui, um café com uma conversa ali, um bilhetinho anotado, uma confidência, uma cebola refogada na panela, uma música. hábitos que sei que vão desbotar, que eu não consigo ainda aceitar que desbotem - mas vou me levando em banho maria porque sei que o novo deve vir. E apego não deixa ar pra respirar - nem ar pra mim mesma, nem ar pra quem eu gosto mesmo estando longe.
A lágrima que escorre é só pra não deixar o peito apertado, mas eu deixo ela secar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vamos nos despedir também de 2006 esperando o 2007 melhor que merecemos.
Um beijo enorme.